O Governo de Goiás, por meio da Secretaria da Saúde de Goiás (SES), destaca-se como referência nacional em cirurgia de separação de gêmeos siameses, com um histórico de 22 procedimentos realizados no Hospital Estadual Materno Infantil (HMI) – atual Hospital Estadual da Mulher (Hemu) – e no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad). Essas cirurgias complexas são realizadas pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil, que prepara agora as gêmeas siamesas Kiraz e Aruna, de um ano.
Nesta quinta-feira (17/10), as irmãs passaram por uma cirurgia de implantação de expansores de pele no Hecad. Esta etapa tem a função de estimular o crescimento mais rápido da pele das crianças para que haja tecido suficiente para cobertura dos dois corpos no momento da separação. “Nós implantamos próteses de silicone que funcionam como balões e são gradualmente inflados, esticando a pele para estimular o crescimento do tecido”, afirma o médico.
O procedimento foi realizado com sucesso e as siamesas se recuperam na Unidade de Terapia de Intensa (UTI) para cuidados adequados. Elas compartilham tórax, abdômen, bacia, fígado, intestino, genitália e ânus. Kiraz e Aruna são naturais do interior de São Paulo e foram trazidas a Goiás pela família em busca da expertise única no país para casos de separação de gêmeos siameses: 22 cirurgias do tipo já foram realizadas na rede estadual.
A primeira cirurgia de separação em Goiás ocorreu em 2000, das gêmeas Larissa e Lorrayne, que eram unidas pelo abdômen e pela pelve. A literatura médica mundial indica que, dentre os siameses operados, um em cada cinco sobrevive à cirurgia. Em Goiás, esse índice chega a 50%.
*Tratamento*
A estimativa de custo da assistência oferecida às crianças gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é de mais de R$ 1 milhão. Segundo o diretor–geral do Hecad, Ronny Rezende, o tratamento é de longa duração e envolve mais de dez especialidades médicas, como cirurgia pediátrica, cirurgia plástica, urologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia do aparelho digestivo e hemodinâmica.
“É uma intervenção de altíssima complexidade e de longa duração, que contará inclusive com biomodelo em 3D de alta fidelidade e realidade aumentada para que os médicos consigam visualizar de forma precisa a posição dos órgãos, avaliar os riscos e definir como será feita a separação de cada parte do corpo”, contou o diretor. “Ficamos muito felizes em poder oferecer inovação e alta tecnologia em um procedimento que é 100% SUS”, disse Rezende.
_Fotos: Hecad_