Um projeto que busca aprimorar a jornada de cuidado do paciente pediátrico no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), unidade gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, recebeu, este mês, a Certificação Planetree, que reconhece a qualidade do atendimento e da experiência do paciente em organizações de saúde de todo o mundo. A iniciativa considera aspectos físicos, emocionais e sociais da saúde para promover uma experiência melhor para os pacientes e suas famílias.
O projeto, que foi pensado pela médica anestesista Roberta Alves, envolveu a colaboração de diversas áreas para que fosse implementado. Chamada de “A Jornada da Aventura”, a proposta, que considera aspectos físicos, emocionais e sociais dos pacientes, é composta por diversas práticas que visam tornar o tratamento das crianças no hospital mais leve e descontraído.
Por exemplo, no momento do jejum, obrigatório para qualquer cirurgia, mas que se torna ainda mais desafiador para as crianças, o desconforto é minimizado com a oferta de um picolé criado pela equipe de nutrição do hospital, que fornece calorias e eletrólitos equilibrados e que não vão interferir nos resultados da anestesia.
Além disso, antes de ir para a cirurgia, a criança é levada primeiramente à brinquedoteca da unidade. Lá, uma brinquedista já “quebra o gelo”, levando diversão e descontração a um momento, geralmente, tenso. “Quando eu chego para avaliar o paciente, ver se não há nenhum motivo de suspensão da cirurgia, a criança já está ambientada, e isso torna tudo mais fácil”, explica. Após essa abordagem inicial, a criança pode escolher um cheirinho para adormecer. As opções são: morango, “perfume de princesa”, “pum de elefante” e, o favorito, chiclete.
Logo em seguida, o pequeno paciente recebe um “passaporte da aventura” com uma foto tirada com uma máquina de revelação instantânea. O passaporte o autoriza a “pilotar” um foguete, uma cabana montada na maca, enquanto usa óculos de realidade virtual que simulam o espaço sideral em 3D. E existe ainda outra opção: a criança pode ir pilotando um carrinho elétrico, doado pelo Voluntariado Einstein tanto ao HMAP como ao Einstein Goiânia, no setor Marista.
Já no centro cirúrgico, todo plotado com foguetes, naves espaciais, astronautas e planetas, um retroprojetor reproduz no teto o desenho que a criança preferir. E uma das grandes preocupações da equipe é deixar a criança sempre perto da mãe ou do responsável. “Essa pessoa acompanha e encoraja a criança do início ao fim”, explica Roberta. Ao final da experiência e depois de enfrentar a cirurgia, a criança ganha um certificado de coragem.
Roberta Alves conta que percebeu sua inclinação em tornar a jornada do paciente pediátrico mais afetuosa ainda durante a residência em anestesiologia. “Eu já pensava sobre essas estratégias, mas no HMAP eu tive oportunidade de colocar em prática”, se entusiasma. Ela acredita que os pais e/ou responsáveis, ao verem toda essa estrutura preparada para receber bem a criança, de forma que ela não sinta tanto o impacto de estar num hospital, também ficam mais confiantes. “A gente chega em um outro patamar. Não é só dar um diagnóstico e determinar uma conduta. É ir além e maximizar resultados. Quando estou com essas crianças, proporcionando esse bem-estar, eu estou na minha Disney particular”, conclui.
*Sobre o HMAP*
O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) foi inaugurado em dezembro de 2018 e é o maior hospital do Estado feito por uma prefeitura. Administrado pelo Einstein desde junho de 2022, foi construído numa área superior a 17 mil metros quadrados, onde atua com mais de 1.100 colaboradores para o atendimento de casos de alta complexidade, incluindo hemodinâmica e cirurgia bariátrica, além de várias especialidades cirúrgicas e diagnósticas. A estrutura contempla 10 salas de cirurgia e 235 leitos operacionais, sendo 10 de UTI pediátrica, 39 de UTI adulto, 31 de enfermaria pediátrica, e 155 leitos de clínica médica/cirúrgica.
Trata-se da primeira operação de hospital público feita pelo Einstein fora da cidade de São Paulo. Nos primeiros seis meses de gestão, as filas de UTI da unidade foram reduzidas consideravelmente e a capacidade de atendimento dos leitos, dobrada. Já as longas filas de espera para cirurgias eletivas foram diminuídas em menos de um ano, feito alcançado graças a iniciativas como mutirões cirúrgicos, que priorizaram demandas urgentes. Nos primeiros seis meses de gestão Einstein, o tempo de permanência dos pacientes no hospital também foi reduzido de 9,5 para 5 dias. Em relação à mortalidade, em junho de 2022 a taxa era de 15,33% e, seis meses depois, de 3,6%.